quinta-feira, 24 de julho de 2014

Dos meus transtornos...

Eu sempre soube que não era normal. Na verdade, nunca achei que ser normal fosse uma coisa boa e sempre fui grata por não sê-lo.

Sempre sofri de alguma, ou o que eu pensava que fosse alguma, ansiedade e algumas manias e comportamento/sensação estranha, mas nunca me preocupei com elas.

Recentemente, me caiu a ficha e o meu comportamento/sensação estranha ganhou um provável nome: compulsão. Consultei Dr. Google e os meus sintomas são por demais numerosos para que haja qualquer dúvida a respeito de Transtorno Obsessivo Compulsivo, Dermatotilexomania (ou escoriação compulsiva, ou ainda, skin picking), e em alguns sintomas - bastante específicos-, Transtorno de Despersonalização. UAU!
Na hora fiquei bem chocada. Mesmo. Chorei. Sim, pois os sintomas são muito, muito, muito específicos, eu apresento, na pior (ou seria melhor?) das hipóteses, 50% deles.

Bom, quais seriam minhas opções partindo disso? Marcar consulta com um psicólogo que provavelmente me encaminharia para um psiquiatra. Nesse meio tempo, Rivotril para ansiedade.
Confesso que seria muito útil um rivs para me deixar de boas. Mas antes eu decidi que EU quero olhar pra mim, ciente de que aquilo com o qual eu convivi por pelo menos 24 anos é um transtorno e aprender quem sou eu considerando esses aspectos, nunca dantes considerados. E confesso que não me parece uma perspectiva muito bonita, para mim, uma pessoa com filosofias e práticas espiritualistas/esotérica/ocultistas, que só toma remédio quando não dá pra trabalhar por causa da dor ou incômodo, tomar remédio para ansiedade. Claro que se, no final de um ano, eu achar que não dá "sozinha", eu vou no dotô e pedir algo pra me ajudar. Mas por enquanto não é o caso.

Eu vivi todos esses anos me equilibrando nessa corda bamba e, de 2012 pra cá, tive um boom. Yeah. What can I do? Vivi uma pauleira mesmo, foi foda, foi punk, não é de admirar que as coisas tenham piorado de lá pra cá, principalmente uma delas. Mas eu tenho segurado a minha fucking onda, véi! I know I can do it!

Partindo disso tenho tentado evitar me escoriar. Voltei a passar base com creolina nas unhas e tenho evitado arrancar cabelos brancos, assim como espremer cravos nas costas do marido (ele tá meio chateado com essa parte, rs). É para pra melhorar a aparência da pele? Em última instância. É para assumir que em poucos anos estarei grisalha? Não. Na verdade, estou curiosa pra saber como será isso, e não é para esconder a "velhice" que eu os arranco. É a compulsão, e a tricotilomania. Então o que perco tentando evitar deliberadamente, claramente, por uma razão séria? O que eu ganho? Muito. Meu marido tem me ajudado, mas já percebi que se não partir de mim, as pessoas de fora podem passar horas me falando para parar, para não catucar ou não fazer e não vai adiantar nada. Entra por um ouvido e sai por outro.

Tenho tentado cultivar uma auto-estima maior, e acho que se eu conseguir desviar um pouco da minha atenção pra isso, eu ganho muito também. Então, ao invés de espremer todos as bolinhas do meu rosto até que não haja mais qualquer relevo expremível e não-inchado no rosto todas as noites, eu passo um leite de rosas, para limpeza profunda e ação adstringente e, em seguida, eu passo uma pomada cricatrizante (nebacetim). Todas as manhãs tem menos bolinhas e menos desejo incontrolável de expremê-las. Também adotei o ritual do hidratante nas áreas onde tenho mais problemas de bolinhas corporais/pelos encravados (pernas, bumbum e púbis). Menos pelos encravados, menos coceira, menos escoriações compulsivas.

Também peguei apenas três disciplinas na faculdade, mesmo podendo pegar quatro, sendo uma na parte da manhã. Eu sei que em um mês já estaria uma pilha por causa dessa da parte da manhã e ao final do semestre eu já estaria no modo hard crazy. Então por quê? Há necessidade disso? Eu estou com pressa de me formar? Nããããooo!! Estou fazendo faculdade por qualquer coisa que demande pressa? Não! Então por que me desesperar e sair correndo sabendo que vou passar mal? Sabendo que passaria 6 meses no modo working like a bitch para depois passar mais um semestre fazendo malabarismo e desejando as férias feito louca, para quando as férias chegarem alternar crises por causa da ansiedade acumulada e hibernação level uma semana na cama? Isso não me parece a escolha mais acertada pra uma pessoa como eu.

Essas férias me ensinaram muito a cerca de mim mesma. Ainda tem gente que pensa que já aprendeu tudo sobre si mesmo. Eu digo, até você ser testado no seu extremo psicológico não, você não aprendeu nem metade, baby.

Por isso o post sobre o Solve et Coagula.

E é por isso que estou apostando no yoga. Eu não tenho tempo pra fazer aulas. Sério. Não tenho. Minha vida e minha rotina são exigentes e minha faculdade absorve cada minuto de paz.

Decidi procurar uns vídeos no youtube, de aulas, e ir tentando. Sou auto-didata, sempre fui. Já fiz dois dias e digo: quando eu termino o relaxamento sou outra pessoa. E olha que faço quando acordo. Tem me feito muito bem e acho que posso me beneficiar muito com esses 15 minutos diários, pela manhã.

Por que estou escrevendo isso aqui? Porque faz parte do meu 'projeto' assumir os transtornos, para aceitá-los. Acho que não dá pra prosseguir sem isso. Para isso é preciso falar sobre eles. Já falei com uns amigos e estou falando com esse aqui, o Nigrum Luna. Porque esse blog é o mais parecido com um diário que já consegui depois da adolescência. Porque talvez isso possa ajudar alguém. Não sei, tomara que sim.

Naluh

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